sexta-feira, 29 de junho de 2007

Ajudar o próximo

A massagem faz parte da minha vida desde os meus... desde que me lembro! Isto é, quantas vezes na minha infância (já há algum tempo infelizmente), caía, levava uma canelada a jogar a bola, queimava-me ou simplesmente me doía a cabeça? O engraçado é que esfregava* o braço ou a perna e instintivamente acabava por massajar. Quando doía a cabeça, pressionava a zona das têmporas**!!! É curioso, o que eu agora faço com formação fazia por instinto. Ingenuamente ou não, o que é certo é que parece que este "dom" nasceu comigo. Talvez se todos reflectirmos um pouco, bastam apenas cinco minutos, e pensarmos no que fazemos no presente, chegamos a conclusão qual a nossa vocação. Felizmente descobri a minha.
Bom ou mau é o que faço e nada me faz mais feliz do que conseguir aliviar por momentos o problema dos outros. Sempre vivi com este desejo, ajudar o próximo. Há quem chame acaso, destino, ou até obra divina, a verdade é que parece que se tornou realidade. E é com este pensamento, de ajudar o próximo, que gostaria de partilhar uma história que o meu padrinho uma vez me contou. Cá vai:

"Numa floresta havia um grande incêndio. E apesar de todos os esforços, ninguém o conseguia parar. No fundo, os mais prejudicados seriam os animais selvagens que lá viviam. E é claro, dadas as circunstâncias, nenhum queria ficar para contar como foi, lógico que por instinto correram para o lago. Aterrorizados com o cenário, repararam num pequeno beija-flor sobrevoando a área arder. Notaram que a pequena ave, num gesto de grande esforço, mergulhava no lago subindo depois ao céu, voava sobre o fogo e sacudia-se deixando cair a água que trazia. Repetia este gesto vezes sem conta, até que os animais intrigados perguntaram: Ó beija-flor, tu não vês que é escusado? Para quê tanto esforço se não vais apagar o fogo assim?
O pequeno animal ofegante, desce junto deles e diz: Pois é, sozinho não sou capaz, mas pelo menos faço a minha parte."

Cada um tira a sua conclusão, o que é certo é que num pequeno jantar de família aprendi uma grande lição de vida. Se cada um de nós fizesse a sua parte em ajudar o próximo, viveríamos num mundo melhor de certeza...

* O termo esfregar não é preciso traduzir, mas passo a explicar porque o relaciono com a massagem. O facto de esfregarmos o sítio onde nos doí, vai originar uma analgesia local (ausência de dor) devido ao aumento da circulação sanguínea.
** Têmporas: região lateral da cabeça.

terça-feira, 19 de junho de 2007

Proibido Fumar ou Proibido Crianças...?

Recebi este email duma colega (não sei quem foi o autor, mas concordo plenamente).
Isto há com cada uma...

Estava Miguel Sousa Tavares na TVI a comentar a nova Lei do Tabaco quando da sua boca saltou esta pérola: "o fumo nos restaurantes, que o Governo quer limitar, incomoda muitíssimo menos do que o barulho das crianças - e a estas não há quem lhes corte o pio." Que bela comparação. Afinal, o que é uma nuvenzinha de nicotina ao pé de um miúdo de goela aberta? Vai daí, para justificar a fineza do seu raciocínio, Sousa Tavares avançou para uma confissão pessoal: "Tive a sorte de os meus pais só me levarem a um restaurante quando tinha 13 anos." Há umas décadas, era mais ou menos a idade em que o pai levava o menino ao prostíbulo para perder a virgindade. O Miguel teve uma educação moderna - aos 13 anos, levaram-no pela primeira vez a comer fora. Senti-me tocado e fiz uma revisão de vida. É que eu sou daqueles que levam os filhos aos restaurantes. Mais do que isso. Sou daquela classe que Miguel Sousa Tavares considerou a mais ameaçadora e aberrante: os que levam "até bebés de carrinho!". A minha filha de três anos já infectou estabelecimentos um pouco por todo o país, e o meu filho de 14 meses babou-se por cima de duas ou três toalhas respeitáveis. É certo que eles não pertencem à categoria CSI (Criancinhas Simplesmente Insuportáveis), já que assim de repente não me parece que tenham por hábito exibir a glote cada vez que comem fora - mas, também, quem é que acredita nas palavras de um pai? E depois, há todo aquele vasto campo de imponderáveis: antes de os termos, estamos certos de que vão ser CEE (Crianças Exemplarmente Educadas), mas depois saltam cá para fora, começam a crescer e percebemos com tristeza que vêm munidos de vontade própria, que nem sempre somos capazes de controlar. O que fazer, então? Mantê-los fechados em casa? Acorrentá-los a uma perna do sofá? É uma hipótese, mas mesmo essa é só para quem pode. Na verdade, do alto da sua burguesia endinheirada, e sem certamente se aperceber disso, Miguel Sousa Tavares produziu o comentário mais snobe do ano. Porque, das duas uma, ou os seus pais estiveram 13 anos sem comer fora, num admirável sacrifício pelo bem-estar do próximo, ou então tinham alguém em casa ou na família para lhes tomar conta dos filhinhos quando saíam para a patuscada. E isso, caro Miguel, não é boa educação - é privilégio de classe. Muita gente leva consigo a prole para um restaurante porque, para além do desejo de estar em família, pura e simplesmente não tem ninguém que cuide dos filhos enquanto palita os dentes. Avós à mão e boas empregadas não calham a todos. A não ser que, em nome do supremo amor às boas maneiras, se faça como os paizinhos da pequena Madeleine: deixá-la em casa a dormir com os irmãos, que é para não incomodar o jantar.


Sim senhora, agora gostava de ouvir a desculpa do "labrego" (peço desculpa mas não tem outro nome) em relação ao seu comentário.
Bastaram apenas cinco minutos para perceber o que realmente incomoda este...